segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Papel e Celulose: Setor deverá seguir a trajetória de crescimento nos próximos anos


Mesmo com a retração econômica ocorrida em anos anteriores, um dos poucos setores que manteve-se apresentando bons resultados foi o de papel e celulose. De fato, desde 2015 as empresas do setor foram influenciadas, sobretudo, pela expansão das exportações que foram positivamente impactadas pela desvalorização cambial, que tornou a produção local relativamente mais competitiva em relação à produção externa.

E este cenário deverá se estender para os próximos anos. Acredita-se que as exportações de celulose se constituirão, cada vez mais, em um importante meio de escoamento da produção, uma vez que as economias importadoras (como a China, Estados Unidos e alguns importantes países europeus) deverão consumir celulose a um nível satisfatório.

O resultado deste cenário conjuntural e prospectivo se reflete na dinâmica dos preços internacionais da celulose. Como a demanda está em alta, diversas empresas já elevaram o preço internacional da celulose diversas vezes neste ano. Como resultado, a perspectiva para a indústria nacional de papel e celulose é de crescimento do faturamento em linha com a taxa média observada em anos anteriores.

Especialista do Setor: Felipe Souza.


Biodiesel: Governo confirma antecipação de elevação da mistura de biodiesel no diesel


Nesta quinta-feira, dia 09, o governo confirmou a antecipação do aumento do percentual obrigatório da mistura do biodiesel no óleo diesel comercializado em todo o território nacional de março de 2019 para março de 2018. A medida foi aprovada em reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), e, assim, a partir de 1º de março de 2018 o percentual da mistura obrigatória passará de 8% (B8) para 10% (B10). 

A antecipação já vinha sendo discutida pelo Governo desde julho deste ano, quando representantes do setor de biodiesel levaram ao presidente Temer a necessidade de aumentar o percentual da mistura antes de 2019. 

O aumento da mistura obrigatória significa aumento imediato – a partir de 1º de março de 2018 – da demanda por biodiesel, que elevará significativamente a produção e o faturamento do setor a partir do próximo ano. Como a cadeia de produção do biodiesel cruza inevitavelmente com a cadeia de produção da soja e derivados, pois o óleo de soja é a matéria-prima principal do biodiesel, um aumento na demanda de biodiesel afetará diretamente o processamento doméstico de soja e o refino de óleo para biodiesel. 

Outro impacto positivo da antecipação desta medida pelo Governo, é a consequente redução das importações de óleo diesel nos próximos anos.

Especialista do Setor: Beatriz Araujo.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Laticínios: Lala conclui aquisição da Vigor e de 50% da Itambé


O Grupo mexicano de laticínios Lala, informou em comunicado que concluiu a aquisição de 99,9% das ações da Vigor e de 50% das ações da Itambé Alimentos, que foi finalizada por “valor implícito” de R$ 5,025 bilhões. O Grupo realizou as negociações com a J&F, holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que estava em controle da Vigor e detinha 50% da Itambé. A venda é uma etapa do processo de desinvestimento da JBS para levantar R$ 8 bilhões para cobrir multas e acordos de leniências. 

A Vigor, segundo informações divulgadas pela Lala, possui 3,9 mil funcionários, três centros de recebimento de leite, nove plantas de produção e dezenove centros de distribuição. A receita líquida da Vigor foi, em 2016, R$ 4,9 milhões, enquanto a receita líquida da Itambé foi R$ 2,7 milhões. Ambas as empresas figuram entre as cinco maiores do setor de laticínios brasileiro, sendo que a Vigor se destaca também no setor de derivados, detendo parcela cada vez maior do mercado de iogurte (em 2016 a empresa vendeu 262,3 mil toneladas de produtos derivados do leite).

Embora o Grupo Lala tenha finalizado a compra das ações da Itambé, tais ações ainda poderão ser readquiridas pela Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR) que pode exercer seu direito de preferência na aquisição dos 50% em ações da Itambé (a cooperativa detém os outros 50%, e protocolou a aquisição no Cade na semana passada, mas ainda está em busca de financiamento para poder concluir a aquisição).

Essas transações significam a entrada do Grupo mexicano no mercado brasileiro, um novo player no setor de laticínios, e acontece em um momento de expansão do grupo, que é o maior produtor de laticínios do México e importante player do mercado mundial. O Grupo faturou em torno de US$ 3 bilhões em 2016 e possui 22 fábricas no México, Estados Unidos e em países da América Central. 
A aquisição acontece num momento de leve melhora no setor de laticínios, mas esse ainda enfrenta preços baixos aos produtores e demanda fraca, especialmente de seus derivados, dada a recuperação ainda lenta do consumo das famílias.

Especialista Responsável: Beatriz Araujo


Tintas e Vernizes: Setor deverá passar por mais um ano difícil


O Brasil que já foi um dos cinco maiores mercados mundiais de tinta ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China, Alemanha e Japão, vem sofrendo retração com a crise econômica e recrudescimento da demanda interna.

Segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, a produção de tintas, vernizes, esmaltes, lacas, solventes e produtos afins recuou 1,5%, na comparação dos oito primeiros meses de 2017 com igual período do ano anterior. 

O ainda mau momento vivido pela economia brasileira e, como consequência, pela indústria como um todo, acaba por impactar negativamente a demanda e a produção de tintas e vernizes. Além disso, a contenção dos gastos públicos e paralisação de obras de infraestrutura e habitação, também contribui para a retração da demanda por tintas e vernizes. 

No entanto, mesmo com o mau desempenho do setor até agosto deste ano, as perspectivas da Lafis apontam para uma leve retomada na produção de tintas em 2017, um crescimento de 1,5% sobre o ano de 2016, com destaque apenas para o setor produtor de tintas destinado ao segmento automotivo que deverá apresentar crescimento de 10,3%, graças a satisfatória retomada da produção de autoveículos que vem sendo observada ao longo deste ano. 

Especialista Responsável: Felipe Souza.


Energia Elétrica Geração, Transmissão e Distribuição: A difícil equação do setor de energia elétrica


O baixo nível dos reservatórios, que em alguns subsistemas chega a 6,47% (Sistema Nordeste), segundo último dado disponível do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) se traduz em aumento da geração de fontes de energia que são mais caras, com destaque para as termoelétricas. Parte do aumento de custo é repassado por toda a cadeia até chegar ao consumidor final.

Neste sentido a Lafis destaca a palavra “parte”, onde começam os problemas apontados por empresas e entidades de distribuição de energia elétrica (último elo da cadeia setorial antes do consumidor). Segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), mesmo com alteração do valor que será cobrado aos consumidores pela energia, a projeção é de aumento da receita adicional em R$ 1 bilhão até o fim do ano, enquanto o custo estimado com compra de energia térmica é de R$ 6 bilhões.

Neste cenário, a Lafis aponta para três possíveis desfechos para essa questão: 1) novo reajuste na tarifa cobrada pela energia junto aos consumidores finais suficiente para cobrir o aumento dos custos de distribuição; 2) manutenção das regras atuais e concretização dos prejuízos projetados pela associação; ou 3) distribuição de parte do prejuízo projetado para as distribuidoras e outra parte para os consumidores finais, por meio de reajustes abaixo do pleiteado pelo segmento e acima do anunciado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). 

Especialista Responsável: Marcel Tau.


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Telecomunicações: Banda larga como foco da nova política de telecomunicações


O Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) lançou na última quarta-feira, 18, consulta pública para rever e renovar a política, que, nos dias de hoje tem como foco promover uma maior universalização da telefonia fixa, serviço que perdeu representatividade dentro do setor. Ao fim da consulta pública, o governo deve publicar um decreto sobre o tema.

O novo foco setorial deve ser redirecionado para a universalização da banda larga, atendendo a mudança do perfil de consumo dentro do setor de telecomunicações, muito mais direcionado para a conectividade do que na utilização de telefones fixos.

A Lafis considera que a nova política de telecomunicações é favorável ao setor, pois está em linha com as demandas dos consumidores e com a orientação das empresas de telecomunicações. Desta forma, com a adoção de uma política setorial mais atualizada, a Lafis considera que o crescimento das telecomunicações no Brasil ganha mais um reforço para a exploração do potencial do mercado nacional.

Especialista Responsável: Marcel Tau Carneiro.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Linha Branca, Marrom e Portáteis: O desempenho do varejo de eletrodomésticos e o novo perfil do consumidor sênior


De acordo com os dados da última Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, o resultado do volume de vendas de eletrodomésticos no varejo em agosto indicou uma trajetória de crescimento mais acelerada para o setor. O segmento apresentou um crescimento de 18% em relação a agosto do ano passado, enquanto o volume de vendas do comércio varejista nacional atingiu um crescimento de 3,6% na mesma comparação.

No acumulado do ano, o segmento apresenta um crescimento de 8,6% em relação ao mesmo período de 2016, enquanto o varejo nacional acumula um módico crescimento de 0,7%. Todavia, vale ressaltar, a frágil base comparativa do varejo de eletrodomésticos em 2016.

Desde maio, os resultados do varejo de eletrodomésticos apresentaram um crescimento consecutivo, ancorados pelos recursos decorrentes dos saques nas contas inativas do FGTS geraram um efeito multiplicador positivo nas vendas do comércio varejista brasileiro entre os meses de março e julho, além do plano do Governo Federal de interromper o sinal de TV analógica em todo o País ao longo de 2017, que tem influenciado os consumidores a comprar televisores com tecnologia digital para poder acompanhar a programação da TV.

A Lafis estimava no primeiro semestre um crescimento de 1,6% e 2,8% para o faturamento do setor de linha branca, marrom e portáteis para o biênio 2017 e 2018. Todavia, vale ressaltar que o movimento observado nos últimos meses ficou acima das expectativas no mercado, o que deverá corroborar para um melhor resultado do setor em 2017.

Vale considerar, algo pouco destacado, o novo perfil do consumidor sênior, um público com maior potencial de consumo a ser explorado no varejo de eletrodomésticos, segundo Pesquisa da Kantar Worldpanel, os chamados millennials de 65 anos. Esse público está de olho na transformação digital, em busca de uma tecnologia que simplifique seu dia-a-dia, e trata-se de uma população independente, com baixo nível de endividamento, e com renda per capita mais alta e disponível para consumo.

Especialista do Setor: Laís Soares.

Agricultura Geral/Soja: Próxima safra de grãos deve ficar entre 224 e 228 milhões de toneladas



A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou ontem, 10 de outubro, o primeiro levantamento da safra 2017/18. A estimativa de intenção de plantio para a próxima safra de grãos é resultado de pesquisa feita pela Conab nos principais centros produtores de grãos do país, entre 24 e 29 de setembro e aponta uma redução na produção.

De acordo com a Conab, a produção de grãos da safra 2017/18 será entre 224,1 a 228,2 milhões de toneladas e sofrerá, portanto, uma queda entre 6 e 4,3% com relação à safra 2016/17, que teve resultado recorde ao produzir 238,5 milhões de toneladas. Esta supersafra foi resultado de condições climáticas altamente favoráveis à produção de grãos e que dificilmente se repetirão. Portanto, a queda da produção é, além de esperada pelos players do setor agrícola, compreensível.

A área plantada deve ser mantida, ou sofrer elevação de até 1,8% frente à safra 2016/17, o que significa que a queda na produção será consequência da redução da produtividade média para quase todas as culturas.

Entre as culturas, o relatório destaca o aumento da área plantada para soja, tanto pela maior liquidez que esta vem oferecendo aos produtores, como pela sua possibilidade de maior rentabilidade, dada a recuperação dos preços internacionais observada em 2017. A Lafis projeta leve acréscimo para a produção de soja em 2018, cerca de 1,3%, e o desempenho do setor continuará em alta, com crescimento das exportações brasileiras e faturamento nominal de 7,9% em relação a 2017. De acordo com a Conab, a produção de soja e milho deverão corresponder à 89% do total da produção agrícola na próxima safra.

Por fim, entre os impactos de uma redução significativa da produção na safra agrícola de 2017/18 está o aumento do preço dos grãos, que consequentemente elevará o faturamento do setor, que pode beneficiar-se ainda mais caso o câmbio se mantenha desvalorizado. A Lafis apresenta uma perspectiva mais neutra para a produção total de grãos em 2018, com perspectivas de estabilidade na produção, e um aumento do faturamento do setor de aproximadamente 2,0%. 

Especialista do Setor: Beatriz Araujo.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

A Retomada das vendas internas de veículos leves e pesados



O resultado das vendas internas de veículos leves, caminhões e ônibus no 3° trimestre de 2017 ficou acima do resultado observado no 3°/TR de 2016. Os segmentos de veículos leves e ônibus indicavam desde o 2°trimestre a retomada da demanda interna, com crescimento ante igual período do ano passado.

No 3°trimestre, as vendas internas de veículos leves cresceram 14,7% em relação ao mesmo período de 2016. Esse resultado surpreendeu as expectativas dos analistas do mercado, e até mesmo da Lafis, que deverá rever para cima as projeções para os resultados das vendas internas do setor em 2017. No acumulado do ano até setembro, o total das vendas internas do setor já aponta um crescimento de 7,9% em relação ao acumulado no mesmo período de 2016.

O setor de veículos pesados que possui uma relação mais próxima com o crescimento econômico e a confiança dos investidores ainda apresenta uma retomada mais moderada. Mas destaca-se que, na comparação do desempenho das vendas internas deste 3° trimestre com o mesmo do ano passado, tanto os segmentos de caminhões, com uma alta de 4,3% nas vendas, como de ônibus, com alta de 1,3%, apresentaram crescimento.

Esse movimento de recuperação teve como alavanca a política de redução da taxa de juros Selic pelo Banco Central, que teve início em outubro de 2016. Desde então, já houve uma redução de 6 p.p., e a taxa atingiu o patamar de 8,25% a.a. no final de setembro. Além disso, percebe-se uma melhora da confiança dos consumidores e investidores no País, mas que ainda sofre com os temores da instabilidade política e as eleições de 2018.

Em relação ao mercado externo, o crescimento da demanda argentina mantém os recordes das exportações de veículos leves e caminhões. No acumulado do ano, as exportações de veículos leves e caminhões já registraram um crescimento de 57,6% e 40,9%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado,

Por fim, pode-se afirmar que o ano de 2017 marcará a retomada da produção na indústria automobilística, todavia o papel de protagonista nessa retomada ainda caberá ao setor externo.

Especialista do Setor: Laís Soares.



segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Transportes: Rodoviário, Ferroviário, Aéreo, Navegação e Portos: Novo Plano Nacional de Concessões em Infraestrutura: o desafio de sanar os erros do passado para deslanchar


Os investidores estão aguardando com muita atenção o novo Plano Nacional de Concessões em Infraestrutura que poderá garantir nos próximos anos, investimentos superiores à R$ 200 milhões nas diversas modalidades de transporte. Entre os projetos aguardados estão as concessões de 3 trechos ferroviários, 8 trechos rodoviários, 14 aeroportos em diversas regiões brasileiras, além do arrendamento e privatização de mais de uma dezena de terminais portuários. 

Não há dúvidas de que o Brasil seja um mercado muito importante e promissor para novos projetos de fomento infra estrutural. No entanto, diversas falhas nos atuais modelos de concessão atualmente oferecidos, ainda inibem muito o apetite do empresariado a se aventurarem em novos projetos de expansão e modernização da estrutura existente.

É por tal razão que se espera que o novo plano contenha alguns dispositivos que eliminem estes erros do passado. Os novos contratos devem oferecer vias adequadas de acesso ao financiamento, podendo ser de origem nacional ou fundos estrangeiros. Neste caso, também devem estar previstos mecanismos de proteção cambial para evitar que variações bruscas distorçam a rentabilidade do projeto.

Além disso, devem estabelecer prazos realistas para a realização dos investimentos previstos, de forma a garantir um fluxo de caixa adequado em todo o período do contrato. Por fim, mas não menos importante, estes contratos devem garantir a previsibilidade jurídica. Para isso, é extremamente necessário que marcos regulatórios compatíveis com cada modalidade de transporte sejam estabelecidos e respeitados, garantindo aos investidores e usuários que as regras celebradas sejam respeitadas em todo o período contratado.

Especialista Responsável: Felipe Souza.